quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Carta a Maria Helena

Bonito, 31 de dezembro de 2014


Saudades,


Querida Vovó, hoje completa onze anos da sua partida, onze anos daquele 31 de dezembro que ficou marcado na minha vida e na vida da nossa família, onze anos que o nosso bom Deus te chamou para servir a ele lá no céu, sim vovó, servir, pois foi o que a senhora fez em toda sua vida, foi servir ao senhor. Lembra de quando a senhora ia para a Igreja e nos colocava em fila, seguindo seus passos por aquela pista a fora? Nossa, é difícil passar por ali e não lembrar disso, como também é difícil chegar na casa de tia e não lembrar da senhora sentada no sofá lendo a Bíblia, ou fazendo aquele famoso "cocó" no cabelo. Quantas saudades vovó, as vezes paro no tempo e começo a lembrar de tantos momentos que passamos juntos, como esquecer a senhora na praia nadando feito um golfinho, ou  apanhando pitanga em frente a sua casa, nossa, como a senhora tinha ciúmes daquela pitangueira. São vários momentos vovó, momentos inesquecíveis, é difícil eu participar de alguma formatura hoje e não lembrar da minha, daquela formatura onde entramos juntos, a senhora em uma cadeira de rodas e eu a empurrando, aquele momento foi inesquecível, as pessoas presentes foram tomadas pela emoção, eu não aguentei e cai no choro, não um choro de tristeza, mais uma alegria diferente tomava conta de mim naquele momento em que as pessoas ficaram de pé para nos aplaudir. Nossa vovó, como foi ruim ficar sem a senhora, a virada de ano não foi mais a mesma desde aquele dia, o que era pra ser um motivo de festa virou saudades. Tanta coisa boa aconteceu nesses onze anos, pois é, várias, imagina que a senhora agora tem vários bisnetos, isso, vários, olha que coisa boa, seus netos, quase todos estão casados hoje, com famílias, filhos e em suas casas, tá vendo? Quanta coisa aconteceu não foi? É uma pena a senhora não ter participado disso tudo, mas tenho certeza, que de onde a senhora estiver, teve uma participação sua em tudo isso. Onze anos vovó, onze anos sem ver a sua alegria, o seu cântico, a sua oração. Onze anos sem minha pequena Maria Helena, claro, pequena no tamanho, pois era uma gigante na família, na Igreja, na vida...Isso mesmo vovó, a senhora era uma gigante. Nunca teve uma vida fácil, de regalias, sempre batalhou para ter tudo, inclusive para criar os filhos, isso ninguém pode negar. Muita coisa era para eu ter dito a senhora, muitos abraços era para eu ter lhe dado, talvez, aquele sentimento de que jamais perderemos uma pessoa amada tenha tomado conta de mim, e esse sentimento me traiu, me traiu até o último momento. Queria muito vovó, queria muito a senhora aqui conosco, celebrando a chegada de mais um ano, com a família reunida, abraçando uns aos outros e festejando mais um ano que se passou, isso não é mais possível com a sua presença carnal, mais tenha certeza, que sentimos a sua presença entre nós a cada 31 de dezembro que chega, pois é impossível não lembrar de tudo que vivemos. Espero lhe encontrar uma dia, dar aquele abraço que nunca lhe dei, dar aquele beijo que sempre hesitei e falar o Eu Te Amo que nunca falei. Hoje, mais um 31 de dezembro passa, e eu continuo aqui na saudade, saudade da minha querida Maria Helena, saudade da minha eterna vovó.


Um beijo carinhoso do seu amado Neto, Wagner Wilker.

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